Óleo de palma alimenta imigração para os EUA | Land Portal

Muitos camponeses da Guatemala venderam as terras de família a multinacionais. A indústria é acusada de abusos dos direitos humanos.

No município empobrecido de Raxruha, na Guatemala, de onde era originária Jakelin Caal, a criança de sete anos que morreu sob custódia dos serviços de alfândega dos Estados Unidos, muitos habitantes venderam as suas terras ancestrais a empresas produtoras de óleo de palma.

Quem vende as suas terras usa o dinheiro para pagar a traficantes humanos pela viagem até aos EUA. No entanto, «a vasta maioria regressa e encontra mais pobreza, acabando como assalariado nas suas próprias terras», diz o  presidente da Câmara de Raxruha, Cesar Castro, em declarações à Reuters.
 
O trabalho nas plantações «é mortífero», afirma Dorrian Caal, tio de Jakelin, que sabe como é trabalhar de sol a sol nas plantações: «Tem de se acordar às 3h da manhã e regressar a casa às 10h da noite». Além do mais,  «o pouco que é pago não é suficiente». 
 
Dorrian afirma receber 60 quetzales (6,7 euros) por dia a trabalhar para a Industria Chiquibul, registada como fornecedora das distribuidoras internacionais ADM e a Cargill, duas multinacionais americanas que faturaram em 2018, respetivamente, 62,35  mil milhões e 114,7 mil milhões de dólares. 
 
Quando questionada pela Reuters sobre as condições a que são obrigados os trabalhadores na Guatemala, a Cargill limitou-se a afirmar que «trabalha de perto» com os seus fornecedores para dar às pessoas «trabalho digno».
 
No entanto, um relatório da ONG Verité acusa a indústria de óleo de palma na Guatemala de fomentar o trabalho infantil, condições de trabalho perigosas e até de escravatura. O relatório da Verité considera que o aumento do cultivo de óleo de palma «está a forçar camponeses empobrecidos a deixar as suas terras e a procurar emprego no setor», ligando este fenómeno com «a expansão do crime organizado». 
 
O Estado guatemalteco é conhecido pela corrupção generalizada, em todas as esferas de governo. Ainda em fevereiro do ano passado a Reforestadora de Palmas de Peten (Repsa), uma produtora de óleo de palma que fornecia a Nestlé e a Cargill, foi acusada de corrupção pelo Ministério Público da Guatemala. A empresa já tinha sido acusada por ONG de ameaçar de morte ativistas laborais e ambientais, e por contaminar águas fluviais com lixo tóxico.
 
A produção de óleo de palma na América Latina mais que duplicou desde 2000, segundo dados da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas. A Guatemala é o segundo maior produtor da região, e aquele com maior rentabilidade por hectare, segundo a Central American Data. A procura global por este produto quadruplicou nas últimas duas décadas, sendo utilizado em cosmética, biocombustíveis e está em cerca de metade de todos os alimentos embalados a nível mundial. 
 
Apesar desse crescimento, a maioria da população guatemalteca vive na pobreza. Segundo um estudo de 2012, os lucros da indústria beneficiam apenas uma pequena parte da população. Oito famílias controlam 98% da produção nacional de óleo de palma.
 
* Texto editado por António Rodrigues

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