Jordânia recupera terras “arrendada aos israelenses” sob o tratado de paz de 1994 | Land Portal
Author(s): 
Maram Alkayed e Priscila Cabral
Language of the news reported: 
Portuguese
A decisão do rei jordaniano Abdullah II de encerrar as seções do Tratado de Paz de Wadi Araba, que restaura várias áreas de terras arrendadas a Israel de volta à Jordânia, foi bem recebida pelos jordanianos, que consideraram a medida uma “vitória histórica”.
 
Por muito tempo, os jordanianos referiram-se às terras de Baqoura (Naharayim em hebraico) e Ghumar como  “terras jordanianas arrendadas aos israelenses” sob o tratado de paz entre Israel – Jordânia de 1994. Em uma entrevista à TV em março com o primeiro-ministro e principal negociador de paz, Abdel Salam Majali, ele revelou que essas eram “terras israelenses de propriedade privada sob a soberania jordaniana”, chocando tanto os israelenses quanto os jordanianos .
 
Cidadãos jordanianos, partidos políticos e parlamentares revisaram os termos do tratado de paz e confirmaram que os anexos relativos às duas áreas não mencionam o termo “arrendamento”, apesar de ser esta a percepção pública dominante.
 
O tratado de paz, de fato, coloca as terras Baqoura e Ghumar sob “regime especial” entre os dois países por um período de 25 anos, terminando em outubro de 2019. O acordo significava que as áreas não estavam sujeitas à legislação alfandegária ou imigratória. Também concedia direitos ilimitados de viagem e de propriedade aos israelenses.
 
Caso algum dos países não deseje renovar os termos do acordo, estará obrigado a avisar com um ano de antecedência, ou os termos serão automaticamente renovados.
 
A revelação feita em março enfureceu o público, o qual pensava que o uso constante do termo “arrendamento” fosse “uma tentativa deliberada de enganar o público” quando o assunto era tratado em anos anteriores. Ibraheem Tarawneh, presidente do Conselho das Associações Profissionais, reiterou em entrevista coletiva.
 
Tarawneh disse:
 
"Estivemos enganados pensando que era um arrendamento que terminaria depois de 25 anos, mas agora sabemos que não há arrendamento, e que estivemos sob o que se qualifica como ocupação e exploração israelense durante todo esse tempo".
 
Durante os últimos sete meses, os jordanianos exigiram um pronunciamento claro do governo, devido a proximidade do prazo limite para a Jordânia se manifestar, caso desejasse pôr fim nos anexos.
 
Com a recusa do governo em comentar o assunto e faltando apenas quatro dias para renovar os termos, ativistas jordanianos tomaram as ruas em 19 de outubro de 2018 para expressar uma forte posição contra a renovação, que eles chamaram de “uma mancha de vergonha que por muito tempo assombrou o povo jordaniano”.
 
Dois dias depois do protesto, o anúncio do rei sobre o desejo de acabar com os anexos de Baquoura e Ghumar no tratado foi feito via Twitter, provocando reações positivas dos jordanianos que estavam ansiosos com o silêncio do governo sobre o assunto.
 
"Baqoura e Ghumar encabeçam nossas prioridades. Nossa decisão é acabar com os anexos de Baquoura e Ghamar do tratado de paz (Jordânia-Israel de 1994) com a intenção de tomar todas as decisões que sirvam à Jordânia e aos jordanianos".
 
O governo ainda não divulgou os próximos passos com respeito à recuperação das terras, mas analistas políticos preveem que no caso das terras de Baqoura – de propriedade privada de israelenses – o governo terá que comprá-las de volta de seus legítimos proprietários.
 
Quanto a Ghumar, o “regime especial” será anulado junto com o tratado, as terras serão restituídas sob a soberania jordaniana e haverá o restabelecimento de regulamentos como a imigração e a legislação alfandegária, que não existiam durante o tratado.
 
Após o anúncio do rei, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu twittou no mesmo dia:
 
"Vamos entrar em negociações com a Jordânia sobre a possibilidade de prorrogar o acordo existente. Mas, sem dúvida, o tratado constitui um trunfo importante e valioso para os dois países".
 
Não houve mais discussões de nenhum lado após o tweet de Netanyahu, embora começassem a circular rumores de que Israel cortaria o suprimento de água para a Jordânia. Isto foi imediatamente negado pelo governo jordaniano.

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