A pesquisa afirma que “após duas décadas de paz e estabilidade, a insegurança na província de Cabo Delgado ameaça o progresso socioeconômico.” Além disso, Moçambique continua a ser um dos países mais propensos a desastres do mundo, com secas e pragas afetando as culturas básicas em grande parte do país.
Os moçambicanos ainda não conseguem pagar o custo de uma dieta nutritiva e a desnutrição crónica afeta quase metade das crianças com menos de cinco anos. A pesquisa afirma que “a Covid-19 vem agravando o frágil contexto humanitário, com quase 4 milhões de pessoas necessitando de assistência.”
Nesse momento, o apoio do PMA inclui transferências de dinheiro e rações para levar para casa para crianças afetadas pelo fechamento de escolas.
Número de haitianos em situação de insegurança alimentar severa passou de 700 mil para 1,6 milhão., by Foto: Unicef/Roger LeMoyne
O relatório destaca o conflito como um fator central para a fome em muitos países, pois obrigou as pessoas a fugir de suas casas, terras e empregos. A situação baixou drasticamente o rendimento e a disponibilidade de alimentos a preços acessíveis.
A ligação entre segurança alimentar e paz foi destaca na semana passada, quando o PMA recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho no combate à fome.
No país com o prato de comida mais caro, o Sudão do Sul, a violência já deslocou mais de 60 mil pessoas e está prejudicando colheitas e meios de subsistência.
Com o início da pandemia, a renda diária gasta com comida na mais nova nação do mundo aumentou 27%, para 186%. Se um morador de Nova Iorque tivesse que pagar a mesma proporção de seu salário por uma refeição, gastaria US$ 393.
Burkina Fasso faz parte da lista pela primeira vez, com o número de pessoas que enfrentam níveis de crise de fome triplicando para 3,4 milhões de pessoas. No Burundi, a instabilidade política, o declínio nas remessas e as interrupções no comércio e no emprego deixaram as pessoas do país expostas à insegurança alimentar.
O Haiti também figura entre os 20 primeiros, com consumidores gastando mais de um terço de sua renda diária em um prato de comida, o equivalente a US$ 74 para alguém no estado de Nova Iorque. As importações representam mais da metade dos alimentos e 83% do arroz consumido no Haiti, tornando o país vulnerável à inflação e à volatilidade dos preços nos mercados internacionais.
Crise
O PMA estima que as vidas e meios de subsistência de até 270 milhões de pessoas estarão sob grave ameaça em 2020, a menos que medidas imediatas sejam tomadas para combater a pandemia.
David Beasley também destacou a situação de pessoas que vivem em áreas urbanas. A Covid-19 levou a enormes aumentos no desemprego. Para milhões de pessoas, perder um dia de trabalho significa perder um dia de comida, para elas e seus filhos.
O chefe do PMA avisa que a situação “pode causar crescentes tensões sociais e instabilidade.”