Plantar, plantar, plantar
Carlos Cambuta destaca a importância de ações de sensibilização para a necessidade de proteger o meio ambiente, passando muito pela "plantação de árvores, porque o país está a ficar cada vez mais desflorestado".
Um fenómeno, explica, que "decorre das dificuldades de vida, porque muitas famílias, sobretudo no meio rural, recorrem ao desmatamento para poderem obter recursos financeiros".
"Nós pensamos que é possível incutir nas suas mentalidades a ideia de que podem desmatar árvores, mas substituí-las", afirma.
O ativista não tem dúvidas: o atual cenário de seca que se vive nas províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango, uma zona caracterizada como semiárida, é resultado da ausência de políticas de proteção do ambiente. Camuta garante que nestas regiões, "onde o fenómeno da seca é cíclico", é preciso apostar em ações que permitam à população viver na normalidade.
Carlos Cambuta
No entanto, sublinha, "a falta de aproveitamento das águas decorrentes das chuvas, a ausências de campanhas de plantação de árvores, a ausências de ações de aproveitamento de resíduos sólidos, entre outras, fazem com que a população tenha mais dificuldades em lidar com o fenómeno da seca".
Fome nas comunidades rurais
As comunidades rurais do interior do país já começam a sofrer com o impacto da estiagem. De acordo com Carlos Cambuta, neste momento assiste-se um quadro dramático caracterizado pela fome, particularmente, no sul do país. O responsável salientou que a sua organização está envolvida em projetos sociais que visam minimizar as carências nas comunidades, com a construção de infraestruturas sociais, como cisternas, a recuperação de "chimpas", cisternas de retenção e tratamento de águas fluviais, que têm servido de alternativa no abastecimento de água tanto para o consumo doméstico como para a prática da agricultura em pequena escala.
Em entrevista à DW África, o diretor do Gabinete Provincial da Agricultura Pecuária e Pescas do Bié, Marcolino Sandemba, mostrou-se preocupado com o impacto da estiagem na província que dirige, embora admita que o Bié tem um quadro relativamente diferente comparado ao Kwanza Sul e Huambo.
Sandemba defendeu a necessidade de alterar o atual modelo da agriculta do país, assente na agricultura de sequeiro, para a agricultura de rega. Para o responsável, o país tem recursos hídricos capazes de impulsionar as mudanças no setor e promover o desenvolvimento sustentável no país.