O vale agrícola de Chã de Norte, interior do concelho do Porto Novo, em Santo Antão, continua livre da praga dos mil pés para a tranquilidade das 40 famílias que se dedicam à agricultura nessa localidade.
A garantia é do delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) no Porto Novo, Joel Barros, que informou que todos os cuidados têm sido tomados no sentido de se proteger da praga dos mil pés este e outros vales agrícolas no interior deste concelho.
Os agricultores em Chã de Norte tinham, em Dezembro, manifestado a sua apreensão face aos riscos de essa zona ficar infestada com mil pés, depois de ter chegado à essa localidade alguns materiais de rega gota a gota, transportando essa praga.
"Estamos apreensivos e desanimados com os riscos que esse vale agrícola enfrenta de ser infestada pela praga dos mil-pés", disse, na altura, o porta-voz dos agricultores, Evanildo Santos.
Para o delegado do MAA, tratou-se de "um falso alarme", já que há toda uma preocupação para que essa praga não chegue à Chã de Norte, apesar de ser zona vizinha da Ribeira da Cruz, vale já infestado por essa praga.
O que se verificou é que, no âmbito de um projecto financiado pela FAO, para fazer face aos estrados do furacão Fred, que passou por Santo Antão, em Setembro de 2015, foram apoiados alguns agricultores de Chã de Norte com materiais de rega a gota.
Alguns desses materiais foram transportados, a partir da Ribeira da Cruz, com mil pés, mas, verificada a situação, foram, "imediatamente", recolhidos e retornados à Ribeira da Cruz, onde foram limpos e enviados, novamente, à Chã de Norte, explicou Joel Barros, assegurando, por isso, extemporânea a preocupação dos lavradores.
Chã Norte é dos poucos vales (juntamente com Martiene e Tarrafal de Monte Trigo) no interior do Porto Novo ainda sem a praga dos mil-pés.
Segundo o delegado do MAA, tudo tem sido feito no sentido de proteger essas zonas, informando que os serviços que dirige têm estado a sensibilizar os agricultores no sentido de serem, eles mesmos, os primeiros a zelarem para que os mil pés não cheguem a esses vales.
Chã de Norte foi alvo, em 2015, de um projecto hidro-agrícola, que redinamizou a actividade agrícola nessa localidade, co-financiado através do Fundo do Ambiente, que consistiu na execução e equipamento de um furo com painéis solares, bem assim na distribuição de parcelas de terras às famílias locais.
Graças a este projecto, cerca de 40 famílias passaram a dedicar-se à actividade agrícola, apostando sobretudo na horticultura.
Martiene, um dos principais produtos de batata comum em Santo Antão, é outro vale agrícola ainda livre da praga dos mil pés, onde os agricultores parecem apostados em manter essa localidade fora do alcance dessa praga.
Para isso, a associação local dos agricultores tem apostado, sobretudo, na sensibilização da população local para evitar a entrada dessa praga em Martiene.
Além de sensibilização, os agricultores têm estado a "desaconselhar" a continuidade da estrada para o interior desse vale, precisamente para impedir que essa praga seja transportada através de viaturas e chegue às parcelas a agrícolas.
Os agricultores Martiene, Tarrafal de Monte Trigo e de Chã de Norte têm estado a defender, também, a necessidade de o MAA declarar esses vales como sendo "zonas protegidas" da praga dos mil pés, por forma a levar este ministério a dotar, permanentemente, metidas de quarentena que evitem a entrada da praga nessas localidades, onde a horticultura domina a actividade agrícola.