Porto Novo, 04 Mai (Inforpress) – A situação em que se encontra a Ribeira de Carpinteiro, em Ribeira das Patas, interior do Porto Novo, Santo Antão, devastada, em 2012, pela extracção desenfreada de inertes, está a tornar-se “um caso muito sério” do ponto vista ambiental.
O alerta é dos agricultores que têm assistido, nos últimos anos, à destruição, pelas enxurradas, das suas parcelas e das infra-estruturas hidráulicas, situação que, segundos os lavradores, é consequência da extracção desregrada de inertes nessa ribeira, onde várias famílias praticavam agricultura.
Segundo João Lima, representante dos agricultores, há quatro anos que as famílias têm vindo a aguardar pela recuperação dos terrenos e das três nascentes destruídos, mas também pelas obras de correcção torrencial e de protecção dessa ribeira, que ficou devastada.
A actividade agrícola em Ribeira de Carpinteiro, da qual dependia o sustento de varias famílias, foi muito afectada com a extracção de grandes quantidades de inertes nessa zona, utilizadas nas obras de ampliação do porto do Porto Novo.
Segundo Jorge Fonseca, outro agricultor, a situação da Ribeira de Carpinteiro, além de se ter tornado num “problema muito sério” a nível ambiental, constitui ainda uma ameaça à segurança das populações, que são obrigadas a transitar nessa zona.
O Ministério da Agricultura e Ambiente já prometeu intervir nessa ribeira no quadro da reordenamento da bacia da Ribeira das Patas, cujo estudos decorrem desde Janeiro deste ano, devendo-se ficar concluídos até Dezembro.
Até lá, o edil do Porto Novo, Aníbal Fonseca, defendeu a realização de obras para minimizar a situação em Ribeira de Carpinteiro, que tem desalentado os agricultores.
Assegurou que, no que toca à Câmara Municipal do Porto Novo, recursos estão a ser mobilizados para apoiar os agricultores na recuperação da sua actividade, adiantando que o MAA vai, também, intervir a montante, em obras de correcção.
A edilidade portonovense, realça-se, chegou a intentar uma acção judicial contra o consórcio luso-cabo-verdiano que executou as obras no porto do Porto Novo, reclamando uma indemnização de 60 mil contos pelos danos ambientais causados à essa zona e ao município, mas acabou por perder acção.