A líder quilombola Maria de Fátima Batista Barros morreu nesta terça-feira (6) após mais de 20 dias lutando contra a Covid-19 em Araguatins, no norte do Tocantins. Ela tinha sido diagnosticada com o vírus no dia 15 de março após sentir febre e dores no corpo e procurar ajuda no Hospital Municipal de Araguatins.
No dia 19 do mesmo mês ela foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva no Hospital Regional de Augustinópolis, mas teve uma piora no quadro e precisou ser intubada no último dia 24. Nesta terça-feira, por volta das 10h, ela não resistiu.
A gente clama por uma saúde pública que seja mais digna. Que os números de vagas sejam ampliados e que a gente possa enfrentar isso com dignidade. Que a saúde seja um direito de todos"
Antes do estado de saúde dela se agravar, ela passava o tempo do confinamento bordando camisetas com símbolos da cultura afrodescendente.
Sem a possibilidade de fazer um velório por causa das restrições da Covid, a comunidade se mobilizou e realizou um cortejo que começou por volta das 15h. A educadora foi enterrada no Cemitério Municipal de Araguatins no fim da tarde.
Na internet, Maria de Fátima foi homenageada por diversos coletivos de lideranças quilombolas e também do movimento negro. O Coletivo Feminista de Mulheres Negras do Tocantins (Ajunta Preta) publicou um texto em que lembra "uma trajetória de vida dedicada em defesa de todos os povos tradicionais e do direito ao território, enfrentando corajosamente o latifúndio e o Estado e tornando-se uma das principais vozes afro-brasileiras contra a violência no campo".
Morte da líder quilombola gerou comoção nas redes sociais — Foto: Arquivo pessoal