Foto: © FAO/Luis Tato - Até 65% de terras produtivas estão degradadas na África
Primeiro inventário da floresta e paisagem aponta progresso demorado na restauração das terras degradadas no continente; intensificar esforços para ação climática é parte da recomendação; Semana Climática da África acolhe lançamento do estudo.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, divulgou a edição 2021 da Revista da Restauração Florestal e Paisagística da África. O lançamento ocorreu durante a Semana Climática, que coincidiu também com a Década do Ecossistema das Nações Unidas.
Barreiras
ONU - De acordo com a ONU, entre 1983 e 2013, 20% das terras do planeta foram degradadas.
A Revista recomenda mais ações para aproveitar a oportunidade do continente em devolver a terra à produção sustentável, a proteção da biodiversidade e dos meios de subsistência na luta contra as alterações climáticas.
O Representante Regional da FAO para a África, Abebe Haile-Gabriel, declarou que o crescente desaparecimento das floresta custam para África uma perda anual de 3% do PIB. Segundo ele, 60% dos Africanos dependem das terras e florestas.
O especialista declarou que “as paisagens florestais degradadas intensificam os efeitos da mudança climática e são uma barreira à construção de comunidades prosperas e resilientes”.
Avaliação Sombria

Foto: Unicef/Kamuran Feyizoglu - A agricultura familiar é a forma predominante de produção de alimentos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento
Para a especialista florestal sénior da FAO, Nora Berrahmouni, estender-se muito além do plantio de árvores, restauração de florestas e paisagens perdidas é de grande benefício à produção alimentar sustentável, construção de resiliência e redução de riscos de desastres.
Berrahmouni, que é também uma das autoras do estudo, aconselhou os países africanos e parceiros a aumentar os esforços na restauração florestal e de paisagem como solução viável ao aquecimento global.
Ela acrescentou que embora seja um processo de longo prazo, é uma solução sustentável e voltada ao futuro.
Terra seca
O continente tem 1 bilhão de hectares de terra seca, dos quais 393 milhões precisam de renovação nas Grandes Áreas Verdes da África.
A parceria AFR100 comprometeu 31 governos africanos a restaurar 100 milhões de hectares até 2030, e o desafio foi superado.
Estima-se que a África tenha 132 milhões de hectares adicionais de terras aráveis degradadas, que combinado às mudanças climáticas, tornam milhões mais vulneráveis.
O relatório identifica propriedade local, apoio político de alto nível e acesso às finanças como cruciais ao sucesso.